Anita - As cores da infância

 

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anita e o burrito 1 base

Evocar a literatura infantil, a que mais marcou o nosso tempo de infância, principalmente aquela em que a ilustração se apresenta como o ponto mais forte e predominante, é de toda a justiça falarmos da colecção Anita, publicação que em Portugal  sempre esteve sob a alçada da editora Verbo, embora em diferentes colecções.
Os livros da colecção retratam Anita, uma criança rapariga, com a idade de 5 a 7 anos, mais ou menos, em diferentes situações do dia a dia, quase sempre acompanhada nas suas aventuras e peripécias pelo seu irmão Pedro e o cão Pantufa.


Anita é a versão portuguesa do original Martine, sendo uma criação do talentoso ilustrador belga Marcel Marlier, com textos de Gilbert Delahaye, que após o seu falecimento, em 1997, foram continuados pelo filho do próprio Marcel, Jean-Louis Marlier. A colecção principiou em 1954 mas em Portugal foi lançada apenas em 1965, com o título "Anita dona de Casa", publicada pelo editora Verbo, que desde então já lançou mais de 40 títulos, correspondendo a vendas de mais de 12 milhões de exemplares um sucesso que se extende a todo o mundo (com vendas superiores a 80 milhões de unidades), onde em vários países a petiz é conhecida por diferentes nomes (Martita, em Espanha, Debbie, nos Estados Unidos, Mimmi, na Suécia, Cristina, na Itália, entre outros nomes noutros países).


Os textos são muito simples e servem apenas de suporte às fantásticas ilustrações, sem dúvida alguma, a base, a génese e o fascínio das histórias. Cada ilustração, por si, só condensa uma história e todo o seu encanto e deslumbramento. Recordo-me de passar largos minutos hipnotizado por cada um dos quadros.
Anita reflecte principalmente a curiosidade pelas coisas, o amor das crianças pela natureza e pelos animais, mas deixa muitas mais mensagens tão caras a valores que hoje começam a dissolver-se, pelo menos no mundo dos adultos.


Hoje em dia Anita continua a ser um êxito editorial, e continua a exercer o mesmo encanto e paixão. Está presente nas prateleiras de qualquer livraria e grandes superfícies comerciais. Por conseguinte, para os mais pequerruchos, é motivo de oferta obrigatória, seja como prenda de anos, prenda de Natal ou Páscoa, ou por qualquer outro motivo em qualquer outra ocasião. Muitas vezes, são os próprios miúdos que os enfiam no carrinho das compras.


Poder-se-á dizer que o fascínio e encanto por Anita é quase intemporal, apesar dos quarenta anos passos entre nós, mas pode-se levantar a questão se as crianças de agora têm algo a ver com a Anita de há 50, 40, 30 ou 20 anos atrás? Muitos dos valores tendem a perder-se, mas certamente que sim, porque as crianças são sempre seres puros e fascinantes e o mundo de Anita acaba por ser o seu próprio mundo.  Os adultos de hoje já não são como os adultos dessas alturas mas as crianças continuam no seu mundo mágico e hermético de fantasia, sonho e alegria.


Eis alguns dos muitos títulos de Anita, que ao longo de quarenta anos tem fascinado as crianças portuguesas e depois os filhos delas próprias:
Anita Mamã, Anita no Jardim Zoológico, Anita e a prende de anos, Anita perdeu o cão, Anita na escola de vela, Anita e a tia Lúcia, Anita no circo, Anita no ballet, Anita aprende a nadar, Anita e as quatro estações, Anita de bicicleta, Anita está doente, Anita na cozinha, Anita na floresta, Anita e o dia da mãe, Anita e a noite de Natal, Anita a cavalo, Anita no jardim, Anita na montanha, Anita e a festa de anos, Anita descobre a música, Anita muda de casa, Anita e um Domingo diferente, Anita e o pardalito, Anita na festa das flores, Anita de comboio, Anita e o burrito, Anita num balão, Anita vai às aulas, Anita e a vizinha do lado, Anita e o baile de máscaras, Anita e os gatinhos, Anita no hospital, Anita baby-sitter, Anita e a visita de estudo, Anita de férias com os avós, Anita no país dos contos.

Marcel Marlier, é um talentoso ilustrador, nascido a 18 de Novembro de 1930, em Herseaux, na Bélgica. O seu universo é mais amplo do que o mundo de Anita (Martine), sendo por isso criador de outros títulos, mas sempre com o inconfundível traço e sensibilidade. O artista utiliza várias técnicas, como a aguarela, principalmente nos trabalhos iniciais, mas preferencialmente o guache porque lhe permite trabalhos mais rápidos e posteriores retoques. Os seus trabalhos são minuciosos, repletos de cor e luz.


Marcel Marlier esteve em Portugal, pela primeira vez, em 2006, aquando do lançamento de um novo título (Anita e os Fantasmas), em simultâneo com uma exposição de esboços seus, originais. Diz que ao fim de todo estes anos a criar Anita, continua a ser inspirado pelo quotidiano das crianças, dos filhos e da neta.

Por tudo isto, Anita ocupa um lugar importante no fundo do nosso baú de memórias e nostalgias. Pegar num dos seus vários livros, agora propriedade dos nossos filhos, e entretanto dos nossos netos, é regressar assim à infância mágica e maravilhosa.

(sobre Marcel Marlier)

Comentários

  1. Anita não encantou apenas as crianças portuguesas. Eu mesma, brasileira nascida em São Paulo tive acesso á um único exemplar em minha infância de 40 anos atrás e me transportei por diversas vezes àquele universo paradisíaco. Hoje, aqui no Brasil encontrei 5 exemplares e presenteei minha filha de 7 anos que sonha em adquirir outros, mas aqui no Brasil tem sido muito difícil encontrar. Meu marido viaja a Portugal mensalmente e gostaria de saber se você pode me indicar alguma livraria em Lisboa onde ele poderá encontrar todos os títulos de Anita.
    Obrigada.
    Dulcineia.

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