No Inverno, principalmente em dias de geada, o intervalo do recreio era aproveitado pelas crianças da escola primária para apanharem um pouco do sol saboroso desses dias bem frios.
Para o efeito, encostavam-se à fachada nascente da escola e ali mantinham-se como gatos ao borralho, soturnos e com as mãos no bolso.
Então sempre que alguém se colocava defronte, roubando assim o sol morno ao colega, era frequente este dizer a seguinte cantilena:
Quem está à frente do meu sol
É o diabo de Vila Maior,
Com o sangue a escorrer
E o gato a lamber.
Normalmente ninguém queria assumir o papel de Diabo, pelo que quase de imediato quem estivesse a provocar sombra mudava logo de posição.
Outra cantilena: Sempre que estava a chover mas em simultâneo, por entre o céu nublado, lá apareciam uns risonhos raios de sol, era comum dizer-se a seguinte cantilena:
A chover e a dar sol,
Na casa do rouxinol,
A velhinha atrás da porta
A remendar o lençol.
Esta cantilena, popular na minha aldeia, é, no entanto, conhecida noutras regiões com outras variantes. Por exemplo:
A chover e a dar sol
Na cama do rouxinol;
Rouxinol está doente
Com uma pinga de aguardente.
A chover e a dar sol
Na casa do rouxinol;
Rouxinol está no ninho,
A comer o seu caldinho.
À porta do rouxinol;
Rouxinol veio à janela,
Logo dar a espreitadela.
Como curiosidade, esta lengalenga, tem em comum o verso A chover e a dar sol e ainda a palavra rouxinol, daí que normalmente é conhecida pela cantilena do Rouxinol
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