Outono – Cores quentes e nostalgias

livro de leitura da segunda classe outono sn 02

livro de leitura da segunda classe outono sn 01

Naquele que foi o meu livro de leitura da segunda classe, uma das características interessantes é que assinalava o começo das diversas estações do ano. Isso era feito com duas páginas ilustradas com as cores e elementos que caracterizavam cada uma dessas épocas do calendário do tempo. Tinha um bonito texto e uma música que se aprendia. Esse livro foi magnificamente ilustrado pela Maria Keil e pelo Luís Filipe Abreu, cujos estilos por vezes se confundem, mas creio que estas ilustrações a que me refiro são do pincel mágico do Luís.

Assim, e porque já estamos neste pleno período, trago à memória as páginas correspondentes ao Outono, com as suas cores quentes e brilhantes e alguns frutos lembrando o tempo de colheitas das coisas amadurecidas pelo Verão.

O Outono está fortemente associado ao tempo do início das aulas nos diferentes graus de ensino. Recuando no tempo e na minha memória, recordo-me do meu primeiro dia de escola e toda a expectativa e ansiedade que sentia, tanto no próprio dia como nos dias anteriores.

A minha primeira classe foi feita numa Escola Primária, localizada a 50 metros da casa de meus pais (idêntica à desta imagem mas apenas com um piso e por isso com duas salas). A partir da segunda classe e até à quarta, fui para uma outra escola, quase a estrear, pois tinha sido edificada há pouco tempo noutro lugar da freguesia (idêntica a esta).

Devido a essa proximidade, desde cedo observava com fascínio aquele ambiente de algazarra de crianças nas diversas brincadeira durante o recreio ou na entrada, silenciosa e disciplinada, para as duas salas. Este clima despertava em mim uma forte vontade de completar os 6 anitos para entrar e participar naquele mundo. Para além de todo este ambiente, que me era próximo, como disse, tinha um motivo acrescido que era o de desejar aprender para passar a ler e a compreender eu próprio as histórias e as lições que já via fascinado nos livros do meu irmão mais velho, então já na segunda classe a quem insistentemente pedia para me ler.

Por outro lado, o Outono significava já o tempo frio, com chuvas, ventos e geadas. Era, pois, imperioso o uso de roupas mais quentes, incluindo cachecóis e gorros. O tipo de escola que frequentei na primeira classe tinha uma lareira para aquecimento nos dias mais frios mas a verdade é que, por questões logísticas (nessa altura não havia pessoal auxiliar), nunca me recordo de ter funcionado. Por isso, as mãozitas tinham que se valer de luvas de malha (para os mais ricos) ou umas peúgas que se enfiavam. Outro estratagema, era trazer de casa uma pedra ou uma cunha de ferro aquecidas no lume e embrulhadas em papel de jornal, funcionando assim, por pouco tempo, é certo, como um aquecedor portátil.

Por vezes, no recreio, que se estendia para um largo terreiro adjacente à escola, a criançada fazia fogueiras com gravetos que colhia no pinhal próximo.

Por tudo isto, são sempre fortes e nostálgicas as recordações do tempo que passamos na escola primária. Certamente que voltaremos a estas memórias que não são apenas minhas mas de todos nós que já passamos sobre essa fase da nossa vida.

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