Livros de religião da escola primária

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Hoje trago à memória os meus livros de religião da escola primária; Quatro livros, um por cada classe.
Ambos os livros são homogéneos quanto ao formato, 167 x 115 mm. Os livros da 1ª e 2ª classes têm 32 páginas cada, o da 3ª classe, 56 e o da 4ª classe 64.
Esta série foi editada pelo Secretariado Nacional da Catequese. O livro da 1ª classe foi editado no ano de 1962, o da 2ª classe em 1963, o da 3ª classe em 1964 e o da 4ª classe em 1965.

Todos os quatro livros apresentam belos desenhos a cores de Baptista Mendes, um conhecido ilustrador, sobretudo do universo da Banda Desenhada. Excepto o livro da 1ª classe, exclusivamente ilustrado com desenhos, os restantes 3 livros apresentam também fotografias.
Tenho um carinho especial por estes quatro livrinhos porque fazem parte do universo de memórias da minha infância e certamente de muitos portugueses.

Estes livros apesar de serem orientadores das aulas de religião e moral no Ensino Primário Elementar, no fundo eram uma repetição de matérias e conhecimentos já adquiridos na Catequese e pelos catecismos. Por isso estes quatro livrinhos não deixam de ser catecismos.
Nesses tempos, o ensino da doutrina católica e sobretudo dos valores e deveres cívicos e morais (transversal à religião) tinham muita importância na educação. Hoje em dia, para o bem e para o mal, é o que se sabe; Em nome da liberdade religiosa e dos princípios da laicidade do Estado, as aulas de moral e religião católica deixaram de ser obrigatórias e apenas facultativas, e não tardará que sejam proibidas. 

O crucifixo, herança de uma Europa que cresceu e se desenvolveu durante séculos pelos valores por ele simbolizado, afinal os valores do Evangelho, estão, a modos de motivo de vergonha e renúncia cultural, a ser retirados das salas públicas como se de tumores se tratasse. É claro que este é um assunto que não cabe aqui analisar e discutir, nem é esse o nosso propósito, mas mais do que a retirada dos crucifixos dos espaços públicos ou da liberdade religiosa, que defendemos, preocupa-nos é a perda avassaladora dos tais valores morais e cívicos. O abuso do conceito de liberdades e garantias, em simultâneo com o esquecimento dos deveres e responsabilidades, tem conduzido a um desequilíbrio e a resultados pouco ou nada positivos.

Todavia, mais do que lamentos ou vislumbres pessimistas, mesmo que ainda mal refeitos do drama do miúdo de Mirandela, que se suicidou aparentemente como desfecho de uma sequência de constantes agressões por parte de outros alunos da sua escola, , importa aqui evocar coisas mais positivas, como as memórias e nostalgias de tempos bem felizes, os da nossa infância, os da nossa meninice. O resto são sinais dos tempos e que os jornais de cada dia, e a comunicação social em geral, se encarregam de nos relembrar o estado das coisas.

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Comentários

  1. O da primeira classe também foi o meu! :)

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  2. Saudações brasileiras!


    Não teria como você digitalizar este material (1ª, 2ª,3ª e 4ª classe) e disponibilizá-los via net? Ou sabe me informar se eles estão disponíveis para download?

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  3. Olá vc tem esses livros disponiveis para download

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  4. Rogério Gonçalves19/12/11, 00:44

    Encontrei este blogue porque estava exactamente a porcurar encontrar o meu livro de M&R não da primária mas da catequese que frequentei, um de capa grossa azul escuro, que tinha imagens anatómicas do corpo humano, e uma foto do Yul Breyner nos Dez Mandamentos!

    Não por nostalgia mas por pura indignação por ter sido enganado a aprender e a acreditar em disparates, como os que se podem ler nas páginas dos livros acima, que eu também tive!

    O facto de se ter deixado de obrigar as crianças a aprender esses mesmos disparates fantasiosos e irreais é um sinal de evolução e de abertura de mentalidades, pelo menos a nível oficial, o que é 100% louvável e não criticável como se manifesta no texto acima.

    Eu sei que o meu comentário não vai ser obviamente publicado, mas para tal acontecer terá que ser lido por alguém, o que já justifica o tempo que levei a escrevê-lo!

    E por favor não apregoem que só pode haver moralidade e valores com base nos princípios fantasiosos e imaginários da religião, pois isso não é de todo verdade, antes pelo contrário, os países que hoje têm um elevado conceito de moral e boas condutas sociais, são aqueles onde a religião começou mais cedo a dar sinais de debilidade, e os mais profundamente religiosos são os mais atrasados, quer culturalmente quer no respeito pelos direitos humanos!

    A religião tem às suas costas o ónus da responsabilidade da morte, assassínio, extermínio, de muitos milhões de seres humanos, para não falar de seres não humanos, ao longo de toda a história conhecida, e é responsável pelo entrave contínuo ao avanço da ciência, atraso do desenvolvimento e abertura de mentalidades, mantidas intencionalmente na ignorância ao longo de gerações!

    Tudo em nome de um duende celeste imaginário!

    Disse.

    Rogério Gonçalves

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  5. Rogério Gonçalves, obviamente que é a sua visão e o seu ponto de vista e cada pessoa terá a sua, concordante ou discordante. Nem de outra forma poderia ser.
    Por outro lado, para quem tinha certeza que o ponto de vista não ía ser publicado, vê-se que é uma pessoa que se considera iluminada, cheia de certezas e repleta de razões mas que nem sempre tem o melhor julgamento. Já há poucas pessoas assim, pelo que deve considerar-se um ser superior e deve orgulhar-se disso. Se não é, passou-lhe ao lado uma brilhante carreira de juiz. A humanidade teria a ganhar com essa sua imparcialidade e verdade suprema.
    No essencial, como se disse, é a sua opinião, que se respeita, sendo que poder-se-ía rebater ponto por ponto com a mesma legitimidade.
    Todavia, o propósito essencial do blog não é esse. Não faltam sítios onde se podem debater essas questões, principalmente quando uma das partes só tem certezas. Ora como nós temos as nossas crenças e convicções, que já agora também deve respeitar, mas simultaneamente muitas incertezas, não vamos de certeza alimentar esta discussão neste espaço. De resto tem todo o direito de se não rever no que que por aqui vai sendo publicado. Afinal, em sua própria casa cada um diz o que pensa.

    At.te

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  6. Rogério Gonçalves03/01/12, 01:39

    É certo que presumi que o meu comentário não iria ser publicado, apenas por ser costume isso acontecer noutras situações semelhantes, pelo que o vosso blogue foi a excepção à regra.

    Não me considero iluminado apenas me baseio em todo o conhecimento que adquiri quer por via académica, quer profissional quer movido pela minha própria curiosidade e como disponho de bons alicerces científicos não poderia deixar de ficar indignado com as inverdades que a religião transmite de geração em geração e que alimentam uma ideia errada dos mecanismos da natureza, da vida e do mundo em geral.

    Respeito as ideias dos outros e não as ridicularizo, apenas procuro e gostaria que as pessoas pudessem de algum modo ter a noção mais realista e uma mentalidade mais aberta acerca da nossa condição como seres vivos, que partilhamos com todos os outros seres vivos deste planeta.

    Ter essa noção e essa consciência, saber como tudo aconteceu e continua a acontecer, saber como foi que chegámos ao que somos actualmente, saber como a vida surgiu e como evoluiu, tudo isso é deslumbrantemente avassalador e grandioso, e transmite uma sensação de satisfação enorme, ao ser-se capaz de interpretar e compreender os mais ínfimos detalhes da nossa própria realidade e de tudo o que nos circunda.

    Repare que não se trata de crenças, nem de iluminismo, nem de arrogância, nem sentimentos de superioridade, apenas de estupefacção e admiração por tudo aquilo que é hoje possível saber e conhecer com base na ciência, que se baseia na evidência, na razão e na lógica e não no imaginário colectivo.

    E quando tudo faz sentido e se conjuga duma forma que não permite espaço para a dúvida, temos necessariamente que nos indignar perante aquilo que considero, e desculpe a minha insistência, mas não pode ser de outra forma, os “disparates” que são propagados através da religião, fruto da inerente e desculpável ignorância dos nossos antepassados, até aos dias de hoje, onde a ignorância só tem lugar para quem não quer aprender, já não sendo por tal desculpável, e tanto mais que sendo que uma grande maioria das pessoas não tem bases culturais e muito menos científicas para atingir um determinado nível de conhecimento e entendimento, existem outros mais aptos que o poderiam conseguir mas preferem continuar a manter uma posição de incredulidade e desqualificação perante o conhecimento científico, o que quanto a mim não passa de outra forma de ignorância mais sofisticada.

    Se no início a opção religiosa serviu para unir pessoas e comunidades e favoreceu a sobrevivência dessas mesmas comunidades através do espírito de entreajuda e protecção mútua, rapidamente se caminhou para a divisão, disputas e guerras de índole religiosa, ora para impor as crenças e os dogmas de cada grupo, ora para simples controle das populações, como ainda hoje acontece, em que meio mundo é arrastado convenientemente através da crença fundamentalista para a submissão e conformismo pelas suas condições precárias de vida.

    Os meus cumprimentos.

    Rogério Gonçalves

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