Protex – Cuida dos seus pés

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Cartaz publicitário do início dos anos 80 ao PROTEX. Este produto, habitualmente vendido em creme ou spray, anda há décadas a tratar dos pés de muita boa gente. A ter em conta a publicidade, o produto elimina os cheiros desagradáveis e mantém os pés frescos durante todo o dia.
Em rigor desconheço a sua eficácia pois nunca o usei embora já o visse por casa. Prefiro um simples e ordinário sabão de barra.

Das poucas informações colhidas sobre a marca e o produto, parece ser produzido pela PANGITER - COSMÉTICO-FARMACÊUTICA, LDA, mas desconheço se é sua propriedade ou se o fabrica sob licença.
Este produto ainda se comercializa, porque os pés, esses coitados que fazem o favor de nos aguentar o corpo, embora já não tanto como nos antigamentes, serão sempre susceptíveis de maus cheiros, comummente chamados de chulé (xulé).

Dizia que hoje os pés já não aguentam tanto o nosso corpo pois temos uma vida mais sedentária, passando muito tempo sentados, tanto no emprego, como em casa, e sobretudo nos transportes. Quase não damos um passo para nada e usamos o automóvel mesmo para a mais insignificante deslocação. Hoje já quase ninguém caminha por necessidade ou obrigação. É verdade que actualmente  anda muita gente a dar às pernas mas principalmente porque se tem valorizado os benefícios de uma boa caminhada diária para a saúde. Por moda ou por recomendação médica, na minha aldeia e vizinhas vejo magotes de pessoas, de todas as idades, a caminharem ao fim da tarde, no que aproveitam para “dar ao serrote” e pôr a conversa em dia. Creio que a tendência é geral.

Recuando uns bons anitos, recordo-me que a criançada do meu tempo frequentemente andava descalça e as plantas dos pés endurecidas e calejadas não escolhiam nem temiam caminho, desde o mais macio ao mais agreste. Recuando mais, ao tempo de minha mãe, que ainda cá está para o contar, quando criança, o andar descalço era mesmo regra, em casa, no trabalho no campo e na escola. Qualquer coisa parecida com chinelas, sandálias ou botas era um luxo destinado a cerimónias e reservado apenas aos domingos e dias-santos-de-guarda. Umas botas ou sapatos de cabedal eram luxo de gente rica e que se estimavam como se fosse ouro. São frequentes os relatos de gente que nos seus percursos levavam as botas penduradas ao ombro sendo só calçadas quando chegados ao destino.

Os mais pobres e engenhosos, faziam eles próprios umas espécie de socas, com uma sola em madeira e tira em tecido grosso ou cabedal grosseiro, a que chamavam de alpercatas. Os lavradores, para situações mais exigentes, nomeadamente no Inverno e tempo de geada, na ida à igreja ou em qualquer saída para tratar de algum assunto ou negócio, usavam umas chancas, uma espécie de bota grosseira com sola em madeira, à qual pregavam tachas metálicas para aumentar a resistência, e envolvente do pé em cabedal grosseiro endurecido, ou ainda de forma mais simples uns socos ou tamancos, mais ou menos do mesmo género mas de uso mais diário.

Nesses tempos, à falta dos meios de transporte e de boas estradas, as deslocações eram realizadas por fracos caminhos, penosos sobretudo no Inverno. Então, os percursos dos operários para algumas fábricas da zona de S. João da Madeira, eram feitos diariamente a pé, na ida e na volta, contabilizando-se 30 km, fosse dia ou noite, Verão ou Inverno.

Aqui há uns anos, creio que em 1993, falei com uma velhinha da aldeia, a saudosa Ti´Ana Alves, então com 90 anos, que me relatou que diariamente, depois de recolher o leite pela porta de alguns lavradores da aldeia, fazia um percurso de 15 km, levando à cabeça uma bilha com 30 litros, ganhando um tostão por litro, que por vezes era todo prejuízo quando nas pedras do caminho que serpenteava o monte se desequilibrava. A mesma pessoa, durante muitos anos, uma vez por semana fazia um percurso de quase 60 km (ida e volta) a Silva Escura - Sever do Vouga, levando à cabeça um recipiente com natas de leite para o fabrico de manteiga, igualmente por rigorosos caminhos, carreiros e atalhos.

Como se vê, um simples produto de disfarçar o desagradável cheiro de uns pés cansados, dá muito que contar.

Comentários

  1. Actualmente comercializado pela Vital mais - Loja online oficial do Grupo Henri Reynaud, que por sua vez, do qual faz parte a empresa Pangiter.

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