Na minha aldeia, por tradição, a consoada de Natal é realizada no próprio dia. Por isso, daqui a pouco, a família reúne-se à volta da mesa (ampliada nesta altura) para a celebração desta importante tradição e data de convívio familiar, num espírito fraterno de paz e partilha. É claro que é impossível reunir a família toda, pois só de parte de meus irmãos seríamos uns quarenta a juntar a mais uns vinte por parte de minha esposa. Sendo assim, as coisas vão-se dividindo pelas consoadas de Ano Novo e Dia de Reis.
Lembrei-me em ilustrar este simples artigo com uma das belas páginas do meu livro de leitura da primeira classe.
Mais, logo, se houver tempo, conto colocar aqui algumas fotos das coisas boas que recheiam a nossa mesa e que certamente serão comuns a outras mesas espalhadas pelo país, do norte ao sul e do litoral ao interior. A caldeira de batata com bacalhau e couve penca, servida em amplas travessas de barro, rabanadas de vinho com canela, a aletria, os bilharacos, o leite-creme, o bolo-rei, as nozes e muito mais.
Depois da consoada, cá vos deixo algumas das iguarias que fizeram parte da ementa:
- caldeirada de bacalhau com couve penca
- rabanadas de vinho, polvilhadas com açúcar, mel e canela
- mousse de chocolate
- pudim “francês”
- bilharacos de bolina (abóbora)
- leite creme (gratinado com ferro em brasa)
- aletria
- bolo-rei
Nota: Exceptuando o bolo-rei, foi tudo confeccionado em casa.
(clicar nas imagens para ampliar)
Na minha casa, a consoada também se faz só no dia 25, não por tradição, mas por necessidade. Temos uma pastelaria com fabrico próprio e nesta altura, quando chega a noite do dia 24 queremos é "sopas e descanso", como se costuma dizer. Mas no dia 25 juntamos a família toda à noite,e celebramos o nosso Natal, com todas essas iguarias (pois os meus pais são da Beira Alta) e mais algumas.Trocas de presentes e tudo aquilo que o Natal tem de bom, partilha, solidariedade, fraternidade, espírito de família.... é o melhor momento do ano!
ResponderEliminarSó com essas qualidades e valores é que o Natal tem sentido. Certamente que na beira Alta, esses valores têm mesmo valor.
ResponderEliminarCom votos de continuação de Festas Felizes e um Bom Ano Novo*, para todos vós, na companhia de todos os que vos são mais queridos - incluindo a razão das 'clubites' - deixo-vos com este poema de José Carlos Ary dos Santos, relido à instantes que de todos nós, merece leitura atenta e meditação.
ResponderEliminar* - excepto desportivamente, como diz o 'artnis'.
Um abraço de Gloriosa Amizade para todos
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Ary dos Santos