Este blog não adoPta o acordo ortográfico

 

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Por regra, fazemos por escrever correctamente o português. Exceptuando uma ou outra situação, por vezes decorrente de uma edição apressada e sem revisão ou pela gralha provocada pela falta ou troca de um ou outro caracter teimoso; que nos julguem os leitores mais capacitados mas entendemos que por aqui o português ainda é português.
Esta introdução serve para avisar ou prevenir os leitores, pelo menos os habituais, que este blog, propositada e esclarecidamente, não vai cumprir o acordo ortográfico da língua portuguesa que dizem já ter entrado em vigor, precisamente no arranque do novo ano.


Para além das razões que os entendidos consideraram como justificáveis para o novo acordo, e foram sobretudo políticas, porque a variante científica foi omitida ou desprezada, não concordamos com as mudanças e a sua amplitude. De resto, pela discussão pública suscitada, viu-se que a sociedade portuguesa sempre esteve dividida nesta questão. Ficou afastado, pois, um concenso que deveria ter existido.

Não estamos de acordo com o acordo, desde logo porque pensamos que a língua mãe deve ser a matriz e quaisquer ajustamentos ou correcções devem fluir na sua direcção e não o contrário, ou seja, a língua mãe a adaptar-se a situações em que, essencialmente por um mau uso, ela foi degenerada ou adaptada. Por outro lado, consideramos que as diferenças ou variações existentes ao nível da grafia e oralidade entre os diversos países dos PALOP, nunca em momento algum foram pretexto, embaraço ou dificuldade na compreensão e entendimento mútuos. Compreendemos a questão e a justificação de que uma língua tem uma natureza viva, logo evolutiva, mas o que está em causa neste acordo e seus motivos é fundamentalmente de carácter mais económico do que cultural ou linguístico. Por outro lado, se deste acordo resulta uma suposta aproximação ao Brasil, também é verdade que nos afastamentos da origem latina e das línguas delas provenientes. Depois, como diria alguém, creio que a jornalista Inês Pedrosa, “…o acordo não vai unificar nada. Apenas estão a substituir umas diferenças por outras.”.

Finalmente, não restam dúvidas que este último acordo foi desequilibrado e resulta sobretudo numa cedência ou subjugação ao Brasil, portanto a língua a subalternizar-se aos interesses decorrentes de aspectos aconómicos.
Muitas outras razões existem para na generalidade não concordarmos com este acordo, mas para já ficam estes motivos como fonte do nosso desalinhamento, que, de resto, estamos certos será extensível a muitos autores.

Para além de tudo, acreditamos que muitos dos nossos leitores, do Brasil, compreenderão esta posição e em momento algum encontrarão no facto e na postura uma dificuldade de acesso ou compreensão. Obviamente, continuarão a ser bem-vindos.

PS: Já dentro do contexto da entrada en vigor do acordo ortográfico, veja-se o caricato à volta do “Lince”, o tal conversor adoptado pelo Governo, que parece que já está (bem à portuguesa) a fazer “merda”. Não nos surpreende que este Lince, tal como o verdadeiro, o da Malcata, seja uma espécie rara e em extinção.


Comentários

  1. Completamente de acordo. É um acto de coragem, não adoptar este acordo. É uma estupidez, é um facto...

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  2. Estou plenamente de acordo com o que foi dito neste post.
    Um bom ano 2011.

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  3. O processo de implementação do Acordo é irreversível. Os manuais escolares já estão a ser produzidos com as novas normas. Nos próximos meses milhares de livros, jornais e outras publicações terão a nova grafia. Dentro de dois ou três anos já ninguém fala sobre isto. Para quê ficar para trás e desatualizado em relação à maioria. Se analisarem bem, o que muda é pouco e muitos de nós já leram textos com a nova grafia sem darem por isso.

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  4. O Acordo Ortográfico tem meia dúzia de regras simples que explicam quase todas as mudanças. Parte destas regras já tinham sido acordadas em 1945 mas que apenas os Brasileiros respeitaram. Este processo é irreversível. Todos os manuais escolares já estão a ser produzidos segundo as novas regras. Nos próximos meses, milhares de livros, jornais e outras publicações terão a nova grafia. Todos nós já lemos textos com as mudanças e quase não se dá por elas. Dentro de dois ou três anos já ninguém falará disto. Quais as vantagens de se continuar contra a corrente? A língua está em constante mudança e ainda bem que assim é, de outra maneira morreria.

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  5. Avelino,
    Obviamente que todas as opiniões são respeitáveis e contribuem para a discussão, sendo que, como bem disse, a questão é irreversível e creio que em termos de decisão ela foi sempre irreversível, mesmo antes de qualquer discussão, essencialmente porque foi uma decisão política e com interesses económicos.

    Volta-se aqui a referir o que alguém já muito bem disse, “este acordo resume-se à substituição de umas diferenças por outras”, com a agravante de produzir algumas aberrações, para além de que a variante brasileira está repleta de termos e conceitos que, obviamente, este acordo não considera nem actualiza e que no entanto fazem parte da dinâmica da própria variante.
    Cito aqui uma situação que alguém já utilizou para descrever uma dessas particularidades:

    "Um episódio exemplar como nunca haverá unificação de coisa nenhuma. Um dia, em Portugal, o brasileiro Ruy Castro, autor do livro Carnaval no Fogo teria dito à sua secretária: «Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada». Perante o espanto da Isabel, teve que ser ajudado por um amigo que fez a "tradução": «Isabel, por favor,chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete»".

    Este é um exemplo entre, porventura, centenas e quem acompanha as novelas brasileiras certamente perceberá a vastidão, muito para além do afamado pingolim (bilhar de matrecos), popularizado pela publicidade do Scolari à Caixa de Depósitos.
    Ou seja, é quase impensável conciliar e adoptar todos estes termos (sinónimos, adjectivos e outros). Por isso este acordo na perspectiva de unir, ajustar ou conciliar é uma falsa questão e mesmo uma falácia.
    Por outro lado, sendo o inglês a língua comum a dezenas de grandes e diferentes países, com toda a diversidade das variações que se sabem existir, porventura com mais relevância do que comparativamente entre Portugal/Brasil, não se conhece qualquer acordo ortográfico que procurasse conciliar ou unir os interesses dos mesmos países. Porventura alguém está a ver a Inglaterra a produzir um acordo para se adaptar ao inglês dos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia, ou muitos e muitos outros? Impensável, não é? Em Portugal isso sucede porque, como país pequenino, pensamos em proporção.

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  6. Palavras para quê? Completamente de acordo.
    Acordo ortográfico? NÃO, obrigado.

    Permita-me a partilha deste texto.

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  7. Nota, @avelino:
    As mudanças do Acordo de 1945 foram implementadas por Portugal, e o Brasil, seu signatário, acabou a esquivar-se. Nós hoje escrevemos segundo o Acordo de 1945, que não é a aberração do novo Acordo Ortográfico [sic] de 1990.

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  8. Já agora para os que preferem escrever sem a aplicação do acordo ortográfico sugiro que LEIAM, ASSINEM e DIVULGEM a petição que está a ser feita no sentido de alterar a situação. O endereço no qual é possível aceder a toda a informação é: http://ilcao.cedilha.net/.

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