A Ordem – Jornal católico

 

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O jornal “A Ordem”, é um quinzenário católico, fundado em 1913 por António Pacheco, portanto à beira de se tornar centenário, com sede na cidade do Porto.

Durante muitas décadas foi um semanário, passando recentemente a quinzenário devido a dificuldades na sua gestão, de resto, dificuldades próprias de uma publicação que vive essencialmente da receita dos seus assinantes, já que basicamente não tem publicidade.

O meu sogro era assinante, pelo que desde o seu falecimento, há cerca de 10 anos, em sua memória e pela qualidade das reflexões e artigos publicados, tomei a continuidade da assinatura, mantendo o número quatro mil e tal.

O jornal “A Ordem”, atravessou assim importantes períodos da nossa história recente e mais do que a defesa de questões da Igreja, sua organização e hierarquias, tem assumido sobretudo a defesa dos valores que a todos devem ser caros, como aqueles expressos no Evangelho.

Infelizmente, reconhece-se que estas publicações e o tipo de reflexões que produzem, estão longe de satisfazer as necessidades do grosso da maioria dos leitores de jornais ou revistas. O interesse vai para tudo quento é efémero e visual, como os enredos e protagonistas das novelas, da sociadede, do espectáculo, do jet-set, do futebol, etc, etc.

O substancial, a reflexão do que deve ser o nosso leque de valores individuais e comuns, enquanto cidadãos e sociedade, são quase sempre questões que não merecem elas próprias, reflexão ou análise.

Dos vários artigos, assinados por várias personalidades, quase sempre me merecem apreço as reflexões do seu actual director, Manuel Moura Pacheco, profesor universitário aposentado, pela clareza, síntese e profundidade das mesmas. É o caso recente da sua análise sobre as férias, que tomo a liberdade de reproduzir, porque estou certo que reflecte a situação actual deste período tão desejado para quem trabalha e que, como é o nosso caso, também dele estamos a usufruir, no que de resto tem contribuido para um adormecimento no ritmo do santa Nostalgia, que, compreenderão os nossos caros e habituais visitantes.

 

FÉRIAS

Todos os anos (ou quase) volto a este assunto: a subversão das férias. Um tempo que foi concebido e planeado como de repouso merecido depois de um ano de trabalho; como de imprescindível descanso preparatório de novo ano de esforço; como condição essencial da rentabilidade dessa nova etapa; essa concepção legalmente protegida e obrigatoriamente subsidiada — tudo isso é, frequentemente, subvertido num tempo de mais esforço, mais cansaço e menos preparação para o trabalho que vai seguir-se. E de mais despesa — a ultrapassar o subsídio dito «de férias». Resultado: as pessoas regressam de férias mais esgotadas do que partiram — fisica e financeiramente.

É a subversão, pura e simples, do conceito de férias e do subsidio das ditas. Só que, este ano, o problema é mais sério. Por duas razões: porque o ano que ai vem vai exigir mais esforço e mais trabalho e porque vai trazer menos dinheiro e obrigar a gastar mais. Duas poderosas razões para se acautelar, mais do que nunca, o perigo da subversão das férias. Estas — as deste ano   não deverão ser as últimas descuidadas de folia, de folguedo e de gastos (porque «para o ano não se sabe»), mas, ao contrário, deverão ser as primeiras a observar, com todo o rigor, a sua origem, a sua razão de ser, a justiça do seu objectivo, para que nenhuns eventuais excessos de dispêndio (de energia e/ou de dinheiro) transitem para o novo ano de trabalho.

Foram descuidos destes — de deixar transitar para o ano seguinte o «deficit» do ano anterior   que deixaram chegar Portugal ao estado em que está, arrastando consigo famílias e cidadãos. Descuidos colectivos passados que nos obrigam individualmente no presente a observar, com duplicado escrúpulo, o conceito de férias e a justificação do seu subsídio. Ao partir para as férias de 2011, desejo a todos os nossos Leitores um bom descanso de corpo e de espírito que lhes permita amealhar, para o ano que aí vem, um pouco da energia suplementar de que vão carecer. E — se possível — amealhar também um pouco do famoso subsídio. Podem vir a carecer dele também. Mais vale prevenir do que remediar — diz o povo e diz bem. Os meus votos de boas férias são os de que, cada um, se previna, nesta matéria, o melhor que puder.

 

M. Moura Pacheco, professor universitário aposentado.

Comentários

  1. Boa tarde, sabe dizer-me se o jornal ainda existe? Gostava de fazer uma assinatura para oferecer à minha avó porque sei que costumava lê-lo...

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  2. Hannie,
    sim, o jornal acabou de fazer 100 anos de existência e continua a publicar-se. Tal como refiro no artigo de momento é uma publicação quinzenal.

    Empresa Do Jornal A Ordem Lda.
    Rua Santa Catarina 630, Porto
    4000-446 PORTO
    Telefone: 222 014 599

    aordem@sapo.pt

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  3. Boa tarde

    Gostava de saber se me pode ajudar. Para efeitos de investigação para Dissertação de Doutoramento, precisava de pesquisar o Jornal "A Ordem". É possível dizer-me onde o devo fazer ou se existem números deste periódico à venda. Obrigado.

    Os meus cumprimentos
    José Manuel Pereira

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  4. José Manuel Pereira.
    Cumprimentos.
    Pessoalmente tenho várias dezenas de exemplares uma vez que sou assinante desde há anos.
    Todavia, para a sua pretensão, nada melhor que contactar a administração do próprio jornal.
    Empresa do Jornal A Ordem, Lda
    Rua St Catarina 630
    4000-446 Porto
    222 014 599

    At.te

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