A Colecção Educativa, foi um projecto editorial do Ministério da Educação Nacional - Direcção Geral da Educação Permanente, no tempo do Estado Novo, cujos livros, sensivelmente em formato de bolso (110 x 165 mm) foram publicados a partir dos anos 50 até meados dos anos 70, alguns impressos mesmo já depois da revolução de 25 de Abril de 1974.
Fazia parte do chamado Plano de Educação Popular e a diversidade e profundidade dos temas tanto cabiam no interesse educacional dos alunos da escolaridade primária como à formação e cursos de e para adultos. Os autores eram reconhecidos como competentes técnicos ou especialistas nas diferentes áreas temáticas abordadas, no que conferiam aos diversos títulos garantias de qualidade embora se procurasse quase sempre uma linguagem ou abordagem menos erudita por isso de fácil compreensão. Muitos profissionais estiveram assim envolvidos nesta colecção, desde os autores aos ilustradores e empresas gráficas e de impressão.
A colecção é composta por 19 séries, classificadas de Série A a Série T. As duas primeiras séries, A e B, referem-se respectivamente a temas de Doutrina e Informação e Propaganda, apesar de normalmente serem omitidas no plano da publicação, como se demonstra na imagem abaixo, impressa nas últimas páginas de cada volume.
Como se vê pelo plano, há assuntos e temas das várias áreas da educação, desde a geografia, história, ciência, tecnologias, agricultura, pecuária, etc, etc.
Há informações de que foram publicados 115 títulos distribuídos pelas diferentes séries.
Infelizmente, pela sua conotação ao Estado Novo e ao regime salazarista, considerados os livros como referências doutrinárias e propagandísticas, numa visão exarcebada e nem sempre racional, logo após a revolução do 25 de Abril, os “novos defensores das liberdades e garantias” por iniciativa própria e por despachos oficiais, organizaram autênticos actos de censura com queimas em fogueiras inquisitórias, destruindo na praça pública milhares de volumes arrancados às bibliotecas das escolas, escapando a essa fúria poucos volumes. Uma nódoa na História que suja aqueles que, reclamando a liberdade, tornaram-se eles próprios censuradores e inquisidores.
Hoje, à distãncia e com a depuração pelo filtro do tempo, constata-se que toda a colecção foi um importante contributo para a formação de milhares de portugueses e que em muitos aspectos dispõe de temas ainda muito actuais e se fossem divulgados e lidos ainda poderiam ajudar a complementar a cultura de muita gente. Porque de qualidade e raros, tornaram-se também objectos de colecção, bastante procurados nos alfarabistas.
Sempre que uma cultura permite ou motiva "autos de fé" a livros, está queimar o seu passado e a hipotecar o seu futuro.
ResponderEliminarPossuo um destes livros ("Aprenda a redigir") e não há qualquer ideologia que lhe esteja associada. Destinos tristes que nem os tempos revolucionários podem justificar.