Amplificador de sintonia de televisão

 

sintonizador_sn_1974

Estávanos no ano de 1974 e a televisão em Portugal ainda era uma adolescente. Os próprios aparelhos receptores eram obviamente ainda de tecnologia básica se comparada com a dos nossos dias e mesmo que rede de transmissores já cobrisse todo o país, nalgumas zonas o sinal era de fraca qualidade. Por conseguinte, imagens de baixa definição e com frequentes formigueiros  eram a tónica do dia-a-dia de quem assistia aos programas da nossa RTP. Não surpreende, pois, que no mercado fossem surgindo aparelhos anunciados como milagrosos quanto à melhoria da qualidade do sinal de recepção e de imagem. A COREPE, Comércio e Representações, S.A.R.L., anunciava a venda de um sintonizador, o qual aplicado de forma fácil na parte de trás do televisor permitia que o mesmo projectasse “imagens tão claras como o cinema”. 

Supostamente era um aparelho “empregue nos U.S.A. (Estados Unidos), que actuava como um filtro-ampliador de forma que as imagens se recebiam com grande potência, sem interferências, fantasmas ou névoas. Ao fim de alguns segundos de utilização desta tecnologia, notava-se logo a diferença”. Apregoava-se. Melhor de tudo, era possível um ensaio gratuito durante quinze dias. Findo tal prazo, em caso de insatisfação, poderia ser devolvido e reembolsado do seu custo que era de 109$00 ou mais 18$00 caso se optasse pela compra com pagamento contra reembolso.

Não temos dúvidas que as devoluções foram mais que muitas, mas por desmazelo ou por efeito placebo, seriam obviamente muitos os aparelhos vendidos como boa banha da cobra e por isso não devolvidos. O meu avô lá comprou um, convencido que ía terminar com o enxame de vespas que inundava o ecrã durante o TV Rural , impedindo-o de ver convenientemente as novidadas trazidas pelo saudoso Eng.º Sousa Veloso, mas nada, só mesmo com insecticida. Entre palavrões e chamada de “doutores” aos tipos que lhe venderam o apatrecho, lá se desmazelou na devolução e teve que ficar com a geringonça que mais parecia um termómetro. Andou a chorar os cento e tal escudos durante anos.

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