Passam hoje 90 anos sobre a publicação do jornal "Avante", Órgão Central do Partido Comunista Português (15 de Fevereiro de 1931).
Até ao 25 de Abril de 1974 foi publicado e distribuído de forma clandestina.
Pelo seu contexto histórico, político e social, o jornal é um marco indelével da imprensa política portuguesa. Cabe-lhe um lugar importante na luta anti-fascista.
Continua a publicar-se. Desconheço se por ser auto-sustentável, mas certamente suportado pela importância que representa para o partido. De resto praticamente todos os jornais pós revolução que de algum modo representavam um posicionamento ideológico (e foram tantos), já há muito que se perderam no seu caminho e hoje são apenas meras referências históricas num qualquer arquivo ou hemeroteca.
A imprensa clandestina sempre foi importante como uma forma de manter uma ligação entre as cúpulas e as bases das organizações, nomeadamente políticas, e sempre existiram em regimes ditatoriais com uma forte máquina de controlo e censura.
De resto, ao tempo em que o "Avante" era ele próprio clandestino no regime fascista em Portugal, o regime comunista na União Soviética (a que o "Avante" recorrentemente dava tanto destaque e com saudações efusivas a Stalin e às figuras da revolução russa), bem como em todos os países em que exercia controlo, era uma autêntica máquina oleada na censura e punição severa de muita imprensa e literatura. Entidades como a Glavit (Directoria Geral de Proteção dos Segredos de Estado na Imprensa) eram exímias em assegurar a "liberdade" de imprensa. Por conseguinte nas ditaduras, de esquerda ou direita, os exemplos, diz-nos a História, no que a liberdades diz respeito, não são de todo os melhores.
Seja como for, e independentemente das questões ideológicas inerentes, o semanário "Avante" merece e tem um lugar de destaque no contexto histórico da nossa imprensa escrita, nomeadamente na de matriz política.
"...O Avante! desempenha ainda um papel relevante na dinamização e reforço das organizações do Partido. A sua distribuição assenta fundamentalmente na organização partidária, o que exige planificação, distribuição de tarefas e controlo de execução. A regularidade da sua publicação permite um contacto semanal entre o Partido e muitos militantes e simpatizantes. Já os fundos que gera, podem igualmente ser relevantes para o reforço da intervenção política das organizações." - fonte [sobre os 90 anos do Avante]
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