Mensagens

A mostrar mensagens com a etiqueta Poetas

Manuel Alegre

Imagem
Está de parabéns neste 12 de Maio, Manuel Alegre, conhecido poeta e político português. Há quem passe uma vida profissional como pescador, pedreiro ou trolha; Manuel Alegre, nascido em Águeda no ano de 1936, agora com 80 anos, dedicou-se à política, com diversos cargos, nomeadamente em governos e sobretudo como deputado pelo Partido Socialista na Assembleia da República durante mais de 30 anos.. Estudo Direito em Coimbra. Foi actor de teatro Foi preso pela PIDE e esteve exilado em França e na Argélia durante uma década. Foi locutor da Rádio Voz da Liberdade que difundia conteúdos de apoio aos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas e contra o regime de Salazar. Chegou a ser atleta tendo vencido um campeonato nacional de natação e nesta modalidade foi atleta internacional pela Académica. Regressado a Portugal logo após a revolução de Abril de 1974, exerceu funções na Radiodifusão Portuguesa e ainda nesse ano aderiu ao Partido Socialista mas a sua militân

Um palmo de sonho

Imagem
      HISTÓRIA ANTIGA Era uma vez, lá na Judeia, um rei. Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças. A gente olhava, reparava, e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças. E, na verdade, assim acontecia. Porque um dia, O malvado, Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da Nação. Mas, Por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenito Que o vivo sol da vida acarinhou; E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria; Para crescer, ser Deus; E meter no inferno o tal das tranças, Só porque ele não gostava de crianças.     - Miguel Torga

Bandeira de Portugal

Imagem
  (clicar para ampliar) PORTUGAL Minha terra, quem me dera Ser humilde lavrador, Ter o pão de cada dia, Ter a graça do senhor! Cavar-te por minhas mãos, Com caridade e amor. Minha terra, quem me dera Ser um poeta afamado, Ter a sina de Camões, Andar em naus embarcado, Mostrar às outras nações Portugal alevantado.   António Correia de Oliveira

Eugénio de Andrade – 19 de Janeiro de 1923

Imagem
    Se fosse vivo (que vivo continua), faria hoje 87 anos.   As Amoras O meu país sabe as amoras bravas no verão.      Ninguém ignora que não é grande, nem inteligente, nem elegante o meu país, mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas. Raramente falei do meu país, talvez nem goste dele, mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos, reparo que também no meu país o céu é azul. Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra") * * *

Balada da neve – Augusto Gil

Imagem
  (ilustração de baixo: pintado com a boca por Alexsandr Ivanov) BALADA DA NEVE Batem leve, levemente, como quem chama por mim... Será chuva ? Será gente ? Gente não é, certamente, e a chuva não bate assim... E talvez a ventania: mas há pouco, hà poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho... Quem bate, assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente ? Não é chuva, nem é gente, nem é vento, com certeza. Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria. - Hà quanto tempo a não via! E que saudades, Deus meu! Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho... Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais duns pèzitos de criança... E descalcinhos, doridos... A neve deix

Miguel Torga - 12 de Agosto de 1907

Imagem
Fosse vivo e Miguel Torga (Adolfo Correia da Rocha) teria ontem completado 102 anos. Dos autores portugueses, passados e presentes, nenhum me seduz tanto como este agreste transmontano, de nariz adunco e rosto granítico a condizer com a rudeza do berço onde brotou. Gerês, 12 de Agosto de 1952 Quarenta e cinco anos. Numa solidão cortada por dois telegramas e dois postais, lá se passou mais este dia fatídico do meu aniversário. E digo fatídico, porque realmente o é todo aquele que assinala o nascimento de um poeta, mormente aqui em Portugal e nos tempos que vão. Desde que me conheço com alguma consciência que sinto isso. E sempre que me ponho a olhar do alto de cada marco do caminho andado, apenas consigo vislumbrar o rasto agonizante de um pobre destino humano, que nem ao menos se refresca  na bica de nenhum verdadeiro devotamento tutelar. Nunca se viu no pó da estrada peregrino tão sedento e desiludido da ternura dos semelhantes!  Sismógrafo hipersensível, que regista o

Coisas sentidas - 1

Imagem
  Eu sei. Eu sei que não sou poeta nem almejo a esse enlevado estado de alma, tão intrínseco dessas criativas criaturas, capazes de nos arrebatar a estados de sublimes emoções. Mas, pronto… por vezes, mesmo que a um simples mortal, surge om lampejo de sensibilidade, um raro vislumbre de sentimentos e a coisa dá para algo parecido com poesia, se calhar nem tanto no âmago mas pelo menos na forma. Sendo assim, e porque também importam em nostalgias, permitir-me-ão os meus visitantes, que de vez em quando por aqui rabisque alguns desses lamentos ou exaltações emocionais. Em suma, deixem-me tentar ser poeta, ainda que por efêmeros instantes. (clicar para ampliar)   Solidão Gosto da solidão da alma, Como da solidão dos montes, Planícies doces e vagas. Gosto dessa paz, dessa calma, Do suave cantar das fontes Do morno calor das fragas.   *****Santa Nostalgia*****

Pub-CF