Air France – Os anos afinal passam para todos

air france santa nostalgia

Cartaz publicitário de Setembro de 1969, por isso com 40 anos.

Mais do que o anúncio aos voos da Air France, a companhia aérea francesa, bem como a promessa de “uma chuva de estrelas a mil quilómetros à hora, na sala de espectáculos mais alta do mundo”, ou um “festival nas nuvens, com cinema a cores e música estereofónica”, este cartaz chama-me a atenção por outros motivos. Desde logo o belo sorriso da graciosa rapariga e o olhar para as nuvens do homem com perfil de Cavaco Silva; mas, acima, de tudo, um pouco à laia da Edith da série “Uma família às direitas”, no original “All in the Family”, fico a divagar, introspectivo, no que será hoje a mesma bonita jovem, com mais 40 anos em cima. Supondo que ali no cartaz terá uns 25 aninhos, será, pois, uma senhora já na idade da reforma, com 65 anos, sendo, possivelmente mãe e avó, quiçá, bisavó, Isto na suposição de que ainda será viva.

Eu sei que este exercício comporta nostalgia, afinal faz-se juz ao nome do blogue, mas realmente faz-nos pensar que para além do papel, ali estão pessoas aparentemente paradas no tempo mas que, contudo, para além dessa cortina, quase diáfana, a vida e o tempo continuaram irreversivelmente também para elas, no melhor e no pior, enfim, em todas as contingências do nosso percurso neste mundo.

Não há volta a dar, mas este sentimento é aquele que experimentamos quando desfolhamos os nossos velhos álbuns de retratos de família e ali estão, paradas no tempo, pessoas conhecidas e queridas, como os nossos pais, os nossos irmãos, amigos e, imagine-se, nós próprios, tão diferentes do retrato que todos os dias vamos vendo de forma actualizada no espelho da casa da banho ou do guarda-fatos.
Não há volta a dar.

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