Modess – Quando as raparigas modernas conversam

 

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Ainda há alguns dias falamos da Modess, uma conhecida marca de pensos-higiénicos da Johnson & Johnson. Hoje trazemos à memória um novo (antigo - início dos anos 60) cartaz publicitário a esse produto da higiene íntima feminina.

Da leitura do cartaz e da sua mensagem, resulta a análise curiosa do facto de nos dias de hoje frequentemente se dar como adquirido que noutros tempos alguns assuntos eram tabú e as pessoas viviam fechadas num certo convencionalismo. Por isso não deixa de ser surpreendente, e desmistificador, vá lá, que num cartaz com 50 anos já se propagandeasse esse modernismo e esse à vontade das raparigas “já então modernas” em contraponto às suas avozinhas.

Agora podemos admitir que hoje em dia já não será pretexto ou sinal de modernidade que as raparigas falem entre si sobre os seus ciclos menstruais e os pensos higiénicos. Modernidade actual, e bastará ler a revista “Maria” ou outra do género”, lida maioritariamente por um publico feminino adolescente ou mesmo pré-adolescente, será discutir-se coisas triviais como perguntar se um beijo tido com o namorado implicará uma gravidez, ou que está a achar estranho o namorado, por este ao fim de duas semanas de namoro ainda ainda não querer ter relações sexuais ou ele a perguntar se será homossexual porque fica excitado quando pensa nos colegas ou preocupado por achar o seu pénis pequeno e descaído para a esquerda ou triste por a namorada não gostar de sexo oral por sentir nojo ou aflito por ela não querer outra coisa a toda a hora. Preocupações preocupantes.

Bom…bem sabemos que os famosos consultórios deste tipo de revistas extravasam os limites da realidade e aproximam-se mais de um certo surrealismo de mentalidades com pouca saúde, tanto mais tendo em conta o indesculpável fácil acesso à formação e informação. Mesmo não usando estes exemplos como regra, a verdade é que todos sabemos mais ou menos onde assenta ou fundamenta a modernidade da maioria dos nossos jovens. As redes sociais na Web são palco desse mundo moderno onde as amizades, seja lá o que isso significa, são medidas ou contadas aos milhares quando, afinal, essas pseudo-relações virtuais são conseguidas no escuro e na solidão de um quarto ou de uma sala. As sequências e consequências são já palpáveis mas daqui a 50 anos esta realidade terá certamente a mesma desmistificação do que a agora transmitida pela leitura contemporânea do cartaz da Modess.

Concluimos, pois, que a modernidade é sempre o tempo presente e somos tão modernos hoje em relação ao ontem como amanhã seremos em relação a hoje. Confuso mas compreensível.

Comentários

  1. Não deixa de ser engraçado,mas a minha mãe era uma mulher do povo, muito humilde, não sabia ler nem escrever. Começou a trabalhar como criada de servir aos 9 anos de idade. Teve a sorte de alguns anos mais tarde, ir parar a casa de uma família que sempre a tratou com carinho e muito respeito.Aprendeu regras e etiqueta e muita bagagem cultural. talvez por isso, sempre falou comigo de sexualidade, ciclos menstruais e afins com uma grande naturalidade. Isto foi nos anos 60, e posso dizer que era caso raro. Quando tinha alguma duvida a esse respeito era com ela que falava. Foi muito bom, e eu segui-lhe o exemplo e fiz o mesmo com as minhas filhas. Mas infelizmente mesmo no sec. XXI, ainda há quem se constranja de falar de sexualidade com os filhos.

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