Ferro de passar

 

ferro de passar general electric sn

- Cartaz publicitário ao ferro de passar da General Electric Portuguesa, do final dos anos 60.

O ferro de passar tem uma longa história e há referências aos princípios da sua utilização desde o séc. VIII (há fontes que referem o séc. IV), nomeadamente na desde sempre inventiva China, embora na sua forma mais ou menos convencional e modo de utilização tenha sido desenvolvido a partir do séc. XVII altura em que o vestuário engomado caíu em desuso.

O ferro de passar eléctrico surgiu em 1882 com a patente a ser registada pelo norte-americano Henry W. Seely (2 de Julho de 1854, Richville, Kentucky) e uma década depois era introduzido o sistema de calor por resistência, tecnologia que embora com naturais desenvovimentos se mantém como o sistema dos actuais modelos de ferros eléctricos. Nos anos 20 foi introduzido o controlo de temperatura com termostato. O ferro de passar com intregração de vapor apareceu mais tarde, nos anos 1950 embora o seu sucesso e popularidade sejam relativamente recentes com os modernos sistemas de caldeira.
É verdade que na forma básica e na função não houve assim uma grande evolução (basta comparar um qualquer modelo actual com o do representado no cartaz publicitário dos anos 60), mas a tecnologia e eficiência conheceram naturais desenvolvimentos ao longo dos tempos incluindo a vertente dos materiais aplicados.


Da minha infância, recordo sobretudo os clássicos ferros de passar em ferro forjado, cuja base era aquecida por brasas que se introduziam no seu interior. Assim a sua característica "boca", na parte frontal servia para alimentar de ar o braseiro e para servir de chaminé aos fumos. É claro que deste modo não havia o cómodo controlo de temperatura, como nos ferros eléctricos, bem como para grandes quantidades de roupa a passar era necessário um constante abastecimento de brasas.

Mesmo dentro deste tipo de ferros, havia naturalmente os mais elaborados, com pinturas e alguns outros motivos decorativos, aos mais básicos e simples. Todos tinham em comum uma base ou grelha, também em ferro, que servia para pousar o respectivo equipamento, uma pega superior revestida a madeira que por sua vez estava afixada à tampa que era presa ao restante corpo ou caixa por um fecho. Também existiam outros que em vez de brasas usavam placas que eram previamente aquecidas no interior de uma fogueira.


Mesmo já existindo os ferros eléctricos (que eram um equipamento de luxo e condicionado a quem tivesse rede eléctrica, que não era para todos) foi assim que a minha mãe durante muitos anos passou a roupa a ferro, tarefa que fazia quase sempre ao Sábado de tarde. É claro que no meio de tantos afazeres numa casa com muita criançada, por vezes lá surgia uma queimadela (dizíamos xardadela) e para além de tudo havia o risco de alguém se queimar. Felizmente nunca aconteceu.

Actualmente estes modelos de ferros de passar, sobretudo os de placas e de caixa (aquecimento com brasas) encontram-se com relativa facilidade em feiras de velharias, sendo adquiridos agora como objectos meramente decorativos e testemunhos de outros tempos.

-Abaixo alguns modelos clássicos, sendo que o último é o mais semelhante com o ferro de passar que existia lá em casa.

ferro de passar antigo

ferro de passar antigo 2

Comentários

  1. O meu avô paterno, era alfaiate, um mestre na obra de fazer fatos, como muitos diziam. Um fato feito por ele, era como uma segunda pele, de tão bem que assentava. Eu era criança, e adorava vê-lo trabalhar, uma das salas da casa, foi transformada em alfaiataria, tinha uma enorme bancada, tipo balcão, onde ele cortava as peças. Por detrás dele na parede existia uma enorme variedade de tesouras, esquadros e réguas, que me fascinavam completamente.Não podiam faltar os ferros de engomar a brasas, dos quais tinha pelo menos quatro modelos diferentes, uns grandes muito semelhantes aos que apresenta e uns muito pequenos, que eram aquecidos sobre as brasas, não levavam brasas dentro, que se destinavam a abrir costuras e a assentar as bandas. Para mim tudo aquilo era novidade, pois fui criada na cidade, onde sempre conheci ferros eléctricos.

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  2. O primeiro ferro de engomar eléctrico que existiu na casa dos meus pais era exactamente com este. Depois de ter sido bastante utilizado pela nós, a minha mãe ainda o deu à minha avó quando na sua casa instalaram energia eléctrica. Até há 10 anos atrás ainda funcionou. Depois... bem, depois lá lhe perdi o rasto!

    Foi um momento especial, revê-lo aqui.

    Quanto aos ferros de engomar aquecidos com brasas, estes eram ainda há poucos anos atrás, os únicos possíveis em muitas aldeias por esse país fora.

    Um abraço

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  3. Vítor Santos13/11/10, 23:32

    Ainda me lembro do aroma no ar lá de casa quando minha mãe passava a ferro... já com um eléctrico, de marca Philips, com a pega em bakelite castanha... talvez da idade deste General Electric!
    Os ferros a brasas não eram de ferro forjado, como diz, mas sim de ferro fundido!

    Um abraço e obrigado por tudo o que vai dando à santa nostalgia dos quarentões!

    Vítor Santos(Out/1964) - Condeixa-a-Nova

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  4. Caro Vitor,
    tem razão: de facto era ferro fundido o que pretendia dizer. Escapou-se-me na revisão.
    Quanto ao aroma, é verdade; era um bafo quente de roupa aquecida e que tinha especial "sabor" em dias frios.

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  5. quero muito um ferro destes,nao sei como comprar um

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  6. Excelente reportagem das décadas de 1950/1960 alguns itens meus familiares comercializaram e utilizaram vários produtos
    Época que não será mais convividos!
    Valeuuuu

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