Um país de “velhadas”

 

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Há quarenta anos, mais coisa menos coisa, andava eu pela escola primária. Nessa altura, a minha pequena aldeia, tão pequena que agora vai ser integrada numa qualquer união de freguesias, por via de uma lei teimosa e inútil e defendida com unhas e dentes por quem já deu de frosques deste nosso governozito, dizia eu, nessa altura a rapaziada e raparigada da primeira classe enchiam uma sala com uma turma de trinta e tal alunos. Passaram essas quatro décadas e soube há dias que para a primeira classe para o próximo ano lectivo que se avizinha contabilizaram-se apenas três novas matrículas e que para os anos seguintes será pior.

Fecham-se creches, escolas  pré-primárias e primárias (como já na minha aldeia) e abrem-se asilos e  universidades séniores. A pirâmide totalmente invertida.


Esta falta de alunos/crianças, que decorre da descida da taxa de natalidade em Portugal e até na Europa Ocidental, não é por isso exclusivo da minha pequena aldeia, pelo que importa perguntar: Estarão os portugueses em vias de extinção? Claro que a resposta não é linear nem fácil mas quando um país paga para se abortar, mesmo que a recorrentes, corta nos escassos apoios e não produz políticas de verdadeiro incentivo e ajuda à natalidade, então é lícito concluir que vamos mesmo no caminho para a extinção e estamos a fazer por isso. Enquanto tal não acontecer, porque a natureza dá muitas voltas e tem sabido sobreviver a cataclismos decorrentes dela própria e a outros provocados pelos humanos, vamos, inevitavelmente, a caminho de sermos um país de "velhadas", um país de "séniores" como agora é bonito dizer-se. Mas tal como um clube desportivo que só tem séniores e não aposta na formação, não tendo escalões de infantis, juvenis e júniores, o futuro nunca será promissor e arrisca-se a que um dia só tenha uma equipa de veteranos.

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